Com balões, camisetas e cartazes com fotos e nome das vítimas, parentes e amigos seguiram em silêncio ou chorando lembrando os momentos de terror vividos há um mês na escola.
Acompanhando um carro de som, eles cantavam músicas de Roberto Carlos e cânticos religiosos. Na porta de outra escola municipal do bairro, Escola Stella Guerra Duval, eles pararam e fizeram um minuto de silênciao, antes de retornar à Tasso da Silveira.
Amigos e famílias lembram de vítimas da tragédia
(Foto: Fábio Motta / Ag. Estado)
" Ainda dói muito. Ainda não consigo acreditar que não tenho mais minha filha para abraçar. Mas é de homenagens assim que faremos todos os meses é que vamos tirar forças para continuar vivendo", disse aos prantos Noeli Rocha, mãe da meinina Mariana Rocha, morta na tragédia.(Foto: Fábio Motta / Ag. Estado)
Durante a passeata, a menina Maria Júlia, de 7 anos, prima da estudante Luíza Paula, morta na tragédia, distribuiu dezenas de rosas às pessoas na rua, no caminho da manifestação e na entrega dizia: "Isso é em nome dos 12 anjos de Realengo".
A mãe de Luíza Paula, Adriana Maria Silveira, teve de ser amparada por parentes. Muito emocionada, ela disse que ainda não tinha condições de avaliar sua perda.
Noeli chora a saudade da filha Mariana
(Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
"Está muito difícil, mas enfim preciso juntar forças. Infelizmente minha filha de ver que ir, estou lutando para continuar vivendo, mas está muito difícil", disse Adriana, acrescentando que o marido, André, sofreu um ataque cardíaco na semana passada e está internado no CTI.(Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
Além de parentes e amigos, também participaram da manifestação, o coordenador da ONG Gabriela Sou da Paz, Carlos Santiago, o advogado João Tancredo, do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos, e o juiz trabalhista Marcelo Alexandrino da Costa Santos, baleado por policiais no ano passado na Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá.
"Vim prestar minha solidariedade e contar a essas pessoas um pouco da minha experiência. Também passei por um episódio de violência extrema e sei dos estragos psicológicos que isso causa. Meu filho, por exemplo, passou a ter um baixo rendimento escolar, desde o ocorrido. Não adianta dar bronca ou castigar. É preciso entender e tentar ajudar a superar todo o trauma", disse o juiz.
Maria Júlia, prima de Luíza, distribiu rosas pelos
anjos de Realengo (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
Anjos de Realengoanjos de Realengo (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
Já Tancredo tem se reunido semanalmente com os parentes das vítimas, que pretendem fundar uma associação de amigos e familiares das vítimas, que deve ganhar o nome de Associação dos Anjos de Realengo. Segundo ele, os pais e parentes querem trabalhara por melhorias na área da educação.
"Eles querem manter a memória de seus filhos viva. E para isso, estão se informando sobre como formar a associação que vai, entre outras coisas, lutar por melhores condições de ensino, melhorias na segurança nas escolas e buscar projetos de incentivo à educação", disse Tancredo que também está orientando as vítimas nas reuniões com a prefeitura a respeito das indenizações pelas vítimas.
Cerca de uma hora depois, ao final da marcha, os manifestantes soltaram os balões e seguiram para um culto ecumênico numa igreja em frente à escola. Às 19h, o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta vai celebrar missa de um mês da tragéida na Igreja do Cristo Rei, em Realengo.
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